Para a cúpula do partido, não basta ter as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal no próximo biênio, quando serão feitas as articulações para a sucessão da presidente Dilma Rousseff - e, espera-se, do vice Michel Temer, presidente nacional licenciado do PMDB. Também seria importante ter pessoas experientes no comando das bancadas. Governistas, com força para mobilizar a tropa, mas também com capacidade de se impor ao Palácio do Planalto se houver necessidade.
Um dos cenários considerados ideais por dirigentes do PMDB, para acomodar os principais postulantes, seria Renan na presidência do Senado, Jucá na liderança da bancada, Eunício num cargo da Mesa Diretora e Vital na presidência da CCJ. Jucá tem a seu favor a proximidade com o grupo de Sarney, a experiência como ex-líder do governo, a facilidade de comandar negociações e votações no plenário e o bom trânsito com os demais partidos. Para a ala dita independente da bancada, no entanto, esse desenho manteria o controle do partido nas mãos do mesmo grupo que o comanda há 20 anos. O problema é reunir votos para quebrar essa lógica.
A direção partidária quer, primeiro, garantir as eleições de Renan na presidência do Senado e de Henrique Eduardo Alves (RN) na da Câmara. Depois, viriam os outros cargos. E um dos mais importantes é a presidência do partido. Enquanto Temer está de licença para ocupar a Vice-Presidência, a direção está com o senador Valdir Raupp (RO).
No geral, líderes e presidentes partidários pretendem respeitar a indicação que o PMDB fizer para presidir a Casa. Trata-se de uma tradição manter, na medida do possível, a proporcionalidade na ocupação dos cargos. Com 20 senadores exercendo o mandato, o PMDB tem a maior bancada, seguida pelo PT, com 12. Os petistas garantem apoiar qualquer nome escolhido pelo PMDB e que, se for mesmo Renan, não há restrição. O líder do PMDB já obteve até apoio da presidente Dilma, depois que descartou a opção pela disputa ao governo de Alagoas.
Alguns senadores que se reuniram na casa de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) - o único que é oposição ao governo-, avaliam que as acusações contra Renan são recentes e sua eleição voltaria a desgastar o Senado. Os primeiros nomes cogitados foram os de Luiz Henrique (SC) e Ricardo Ferraço (ES). O primeiro não parece disposto a disputar e o segundo é considerado inexperiente para a empreitada. Outros pemedebistas presentes eram Pedro Simon (RS) e Casildo Maldaner (SC). Roberto Requião (PR) foi chamado, mas não pode comparecer.
Estavam, ainda, Cristovam Buarque (DF) e Pedro Taques (MT) do PDT, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os tucanos Aloysio Nunes Ferreira (SP), Alvaro Dias (PR) e Cyro Miranda (GO). Alguns acham que, mesmo que não tenha concorrente, Renan deve ser questionado sobre as denúncias contra ele. Os que criticam a submissão do Congresso ao governo, como Taques, querem cobrar do candidato posição sobre as relações do Legislativo com o Executivo. Um teste de habilidade para Renan.
Valor Econômico
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