Estudo com siris mostra que um único neurônio envia ao cérebro ações realizadas por outros órgãos do crustáceo
01/11/2011 19:39 por Esteta Beleza e Arte em Destaque e lida 1370 vezes.
Neurônios do siri funcionam por mecanismos muito similares aos de humanos
Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP descobriram, ao longo de cinco anos de estudos, que o cérebro conta com uma importante maneira de codificar (representar, sob forma de pulsos elétricos) informações entre ele e todas as ações realizadas no corpo. Os estudos são coordenados pelo professor Reynaldo Daniel Pinto, do Laboratório de Neurobiofísica do Grupo de Física Computacional e Instrumentação Aplicada, e envolveram siris como cobaias.Os pulsos elétricos que representam o movimento motor do estômago do crustáceo, embora constantes, apresentaram uma peculiaridade: variações que, em princípio, foram consideradas, por diversos estudiosos, sem importância. Mas no IFSC, pesquisadores descobriram que um único neurônio fazia o papel de uma “central telefônica”, enviando ao cérebro ações realizadas por outros órgãos do siri, em seu organismo.
“Usamos um computador para simular o neurônio biológico do siri. Aquilo que os cientistas acreditavam ser insignificante, ao que chamaram de ‘ruído’, exerce papel fundamental no organismo em questão: além da função motora, ele codifica, simultaneamente, o que faz o outro neurônio ligado a ele”, explica o docente.
Central telefônica
No entanto, sobre o intermediário, foi feita outra interessante observação: o neurônio em questão não só avisa o cérebro sobre o que está acontecendo, como também entra em detalhes. Avisa quando a ação foi realizada e seu autor, poupando o cérebro de um contato imediato com cada um dos órgãos. “Nosso grupo foi capaz de comprovar essa ‘nova função’ do neurônio, em siris e lagostas. Espera-se que esse resultado seja, também, encontrado em neurônios de outras espécies, incluindo a nossa”, afirma Reynaldo.
E a gente com isso?
A maneira de entender como o cérebro controla as coisas pode ser totalmente alterada depois disso. “Imagine que você está andando e o cérebro sabe que você contraiu um músculo da coxa. Se contraiu demais ou de menos, ele precisa saber e sensores espalhados no músculo passam tal informação. Mas, essa informação não será passada diretamente. Algum neurônio é que fará esse intermédio e o cérebro, além do acesso a essa informação, tem conhecimento sobre o que o circuito de comando do músculo fez, o que pode ser considerado um ajuste ‘mais fino’ de nosso corpo”, explica o docente.
A descoberta desse feedback, pelo Grupo de Reynaldo – já publicado, inclusive no The Jornal of Neuroscience nos traz uma nova visão sobre o organismo, comprovando a complexidade e, sobretudo, a inteligência dos seres vivos. “Não temos como afirmar, efetivamente, que o cérebro usa esse tipo de sistema de transmissão de informação, mas nada na biologia é por acaso”, finaliza.
Mais informações: (16) 3373-9770, na Assessoria de Comunicação do IFSC
Da Assessoria de Comunicação do IFSC
Agência USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário