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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

'Efeito' Michael Jackson: Os africanos que já não querem ser negros


O branqueamento da pele tornou-se na última moda para os africanos que não se sentem bem com a sua cor, naquilo que muitos chamam de 'efeito' Michael Jackson. Produtos para tornar a pele mais clara passaram a abundar nos mercados de países como a África do Sul, Nigéria,Togo, entre outros, e são cada vez mais procurados.
De acordo com a BBC, um estudo recente realizado na Cidade do Cabo, na África do Sul - país  multicultural, onde os negros se orgulham da sua herança cultural - revelou que uma em cada três mulheres branqueia a sua pele. Entre as várias razões está a vontade de ter uma "pele branca".
A frase orgulhosa dos activistas afro-americanos dos anos sessenta, 'black is beautiful', parece jão não entusiasmar muitos africanos, em especial as mulheres. Um dos exemplos mais conhecidos é o da artista Nomasonto "Mshoza" Mnisi, que nos últimos anos passou por vários tratamentos que custam, em média, 590 dólares por sessão.
"Tenho sido negra e de cor negra por muitos anos. Queria saber como é ser branca", disse, em declarações à BBC, concluindo com um "estou feliz" com a mudança e não entende as críticas à sua mudança de cor.
Para quem quer ficar com a pele mais clara existem várias opções no mercado, desde produtos de altíssima qualidade - usados por Mnisi - até aos cremes vendidos no mercado negro, feitos de compostos que, segundo os médicos, podem trazer riscos para a saúde.
Apesar do governo sul-africano ter proibido a comercialização de qualquer produto que contenha mais de 2% de hidroquinone, um dos compostos mais usados nos anos oitenta, é comum ver-se no mercado produtos com este componente e outros ainda com esteróides e mercúrio. Outra forma de branquear a pele é através de injecções especiais cujo efeito tem uma duração de seis meses.
Mas a moda não está só a afectar as mulheres. Alguns estudos indicam que os homens também estão a branquear a sua pele e que esta tendência aumenta com a chegada de imigrantes da Nigéria e da República Democrática do Congo ao país.
A nova moda chega a criar algumas imagens caricatas, como pessoas com a pele da cara clara e o resto do corpo de cor negra, para além de marcas de queimaduras no queixo provocadas pelos químicos existentes nas loções.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 77% das mulheres nigerianas são consumidoras destes produtos, fazendo da Nigéria o maior consumidor, seguido do Togo 59%, África do Sul 35%, e o Mali com 25%.
De acordo com alguns psicólogos, uma das razões de fundo para as pessoas branquearem a cor da pele, e que alimenta este mercado em crescimento, é o seu baixo grau de autoestima, e nalguns casos mesmo o facto de  detestarem o que vêem quando se olham ao espelho.

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