- Você já esteve na França amigo?
Harvey sorriu e respondeu positivamente.
- Nesse caso o senhor deveria saber que o passaporte precisa estar pronto para inspeção mesmo antes de chegar à cabine.
Apesar do mau humor do oficial, Harvey permanecia se comportando de maneira gentil. Explicou que em sua última visita à França ninguém lhe pediu para apresentar qualquer documento. O francês rosnou:
- Isso é impossível velhote. Para entrar na França vocês canadenses devem sempre apresentar o passaporte.
Harvey olhou o oficial de cima a baixo, agora já sem muita gentileza. Respondeu com segurança:
Já munido de todos os requisitos, pense nas armadilhas. Uma das mais comuns é a doCertificado Internacional de Vacinação. Digamos que para um brasileiro entrar no país A ele não precise do certificado. Pois bem, mas se esse brasileiro estiver vindo de um país B e o país A exigir certificado de quem vem do país B, pronto, temos um problema.
Outro pega safado é aquele que envolve tratados internacionais. Observem o caso da Europa. Lá há um acordo feito entre alguns países, o tal Tratado Schengen. Ele prevê a livre circulação de pessoas entre os países integrantes do acordo. Isso significa que – uma vez tendo feito a imigração num dos países participantes – o viajante pode circular entre os territórios sem precisar fazer a imigração novamente.
O danado é que cada país cobra tipos diferentes de documentos para garantir a entrada. Deste modo, pode ser que na França exijam um documento X, mas na Holanda não. Até aí tudo bem, mas os desavisados se quebram no seguinte: escala. Se o seu destino final é Paris, mas o avião para em Amsterdã, o processo de imigração será feito nos Países Baixos. Naturalmente eles irão exigir sua própria lista de documentos e provavelmente o viajante estará com a lista de documentos exigidos na França, seu destino final. Adianta reclamar? É claro que não.
Atento às armadilhas e com documentação completa, o viajante segue para a entrevista com o oficial de imigração. Vale lembrar que obviamente ter o visto e os documentos exigidos vai ajudar muito, mas note que fica à critério do oficial de imigração julgar se você pode entrar ou não. Afinal, um indivíduo mal intencionado tem completas condições de apresentar os documentos necessários, não é verdade? Por isso a importância da entrevista e do trabalho do oficial. Esse é – portanto – o momento da verdade.
Durante a conversa com a autoridade seja objetivo, mostre o passaporte e só. Deixe todos os outros documentos na mochila de maneira que possam ser acessados com facilidade, mas só os apresente se for requisitado. O mesmo vale para as perguntas, responda somente o que for perguntado. Tente decorar o nome do hotel e quantos dias você vai ficar no país, incluindo a data da volta. Não faça piadas e seja gentil. Se tiver problemas com o idioma, tente decorar pelo menos algo como “não sei falar sua língua, me desculpe”. Para os que sabem inglês tudo se torna bem mais fácil, pois é provável que o oficial use esse idioma.
Nunca minta e controle a empolgação. Existem alguns viajantes tão empolgados com a incursão que tornam-se um tanto divertidos demais, até chatos. Nessa ânsia de compartilhar a felicidade, sai uma piadinha aqui, outra ali, especialmente em viagens de grupo. Não fique conversando fiado, preste atenção aos procedimentos. Ficar distraído demonstra certa displicência. O melhor é agir normalmente, sem qualquer afetação.
Pode parecer que o processo de imigração é um vestibular dos mais difíceis, mas não é. Em geral os caras só carimbam seu passaporte e pronto. Na atual conjuntura os viajantes brasileiros e seu dinheiro de país em desenvolvimento são super bem-vindos, acreditem.
Boa sorte e boa viagem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário