O mundo com certeza não sofre de escassez de alimentos. A má distribuição de comida talvez seja o nosso maior desafio na área da saúde.
Segundo o relatório, todos os países, com exceção dos subsaarianos, enfrentam taxas de obesidade alarmantes – um aumento de 82% globalmente nas últimas duas décadas. Países do Oriente Médio estão mais obesos do que nunca, vendo um aumento de 100% desde 1990.
Aqui no Brasil mais de 65 milhões de pessoas, 40% da população, está com excesso de peso, enquanto 10 milhões são considerados obesos. Os números avançam rapidamente entre todas as idades e classes sociais.
De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) o Brasil conseguiu reduzir o número de subnutridos de 14,9% para 6,9% da população desde 1990. Tal performance é notável a ponto do país ser visto como detentor de know-how para combater a fome africana com eficácia. [BBA]
Sendo assim, problemas de saúde relacionados a índices de massa corporal (IMC) elevados agora superam os relacionados à fome. Pela primeira vez, doenças não transmissíveis, como acidente vascular cerebral (derrame), diabetes e doenças cardíacas estão no topo da lista de causas que deixaram as pessoas doentes ou feridas por mais tempo.
Nós descobrimos que houve uma grande mudança na mortalidade. Crianças que morriam de doenças infecciosas estão se saindo muito bem com a imunização. No entanto, o mundo agora é obeso e estamos vendo o impacto disso.
Ali Mokdad, coautor do estudo e professor da Universidade de Washington
O chamado “estilo de vida ocidental” está sendo adaptado em todo o mundo, e as consequências se espalham de modo similar.
Todos esses problemas estão ligados à obesidade. Estamos vendo até uma grande porcentagem de pessoas que sofrem de dor nas costas agora. Se pudéssemos reduzir as taxas de obesidade, veríamos o número de doenças não transmissíveis e de dor diminuírem também.
Cada ano que passa, a expectativa de vida aumenta. As pessoas podem estar vivendo mais tempo do que em 1990 – em média, 10,7 anos a mais para os homens, e 12,6 anos a mais para as mulheres -, mas, para muitas delas, a qualidade de vida durante esses anos não é boa.
Em média, diz o relatório, as pessoas são atormentadas por doença ou dores durante os últimos 14 anos de vida.
Nós descobrimos como manter uma pessoa que sofreu um derrame viva, mas ela vive incapaz por muitos anos depois. Essa não é a qualidade de vida que a pessoa esperava.
Nos países ocidentais, as mortes por doenças cardíacas são abaixo de 70%. No entanto, o número de pessoas diagnosticadas com doenças cardíacas está aumentando em taxas alarmantes.
De acordo com a Dra. Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, as doenças não transmissíveis são um desafio global de “proporções epidêmicas”.
Em um discurso para a Assembleia Geral da ONU no ano passado, ela disse que são um “desastre em câmera lenta”.
Após uma reunião de dois dias com as liferanças. A ONU aprovou uma “declaração política” destinada a conter a onda crescente de doenças não transmissíveis.
Apenas em uma outra oportunidade um problema de saúde foi debatido em uma reunião especial da Assembleia Geral. Na outra vez houve o comprometimento do grupo, há cerca de dez anos, com o combate a AIDS.
Mudar o foco de tratar doenças não transmissíveis a preveni-las pode ser muito benéfico não só para nós, mas para a economia também.
Elas nos vão custar mais de US$ 30 trilhões (cerca de R$ 60 tri) nos próximos 20 anos. Um adicional de US$ 16 trilhões (R$ 32 tri) será gasto com saúde mental – custos que poderiam levar milhões de pessoas à pobreza.
Esperamos que os políticos prestem atenção a esses números e descubram que podem implementar programas para intervir sobre estas tendências.
Fonte: CNN, ObesidadenoBrasil
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