Votação está sendo considerada teste para governo Merkel
A expectativa é de que a concessão de novos poderes para o fundo seja aprovada, mas caso mais de 19 integrantes da coalizão comandada pela líder alemã se voltem contra a proposta, ela terá de buscar apoio da oposição de centro-esquerda para ratificar a medida.
O Parlamento da Alemanha votará nesta quinta-feira se aprova ou não a concessão de novos poderes para o fundo de auxílio destinado aos países da zona do euro, conhecido como Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).
A ampliação do fundo de resgate é vista como uma medida necessária para auxiliar os países endividados do bloco europeu, como a Grécia, e impedir que os gregos e outras nações que enfrentem pesadas dívidas decretem moratória.
A expectativa é de que a concessão de novos poderes para o fundo seja aprovada, mas caso mais de 19 integrantes da coalizão comandada pela líder alemã se voltem contra a proposta, ela terá de buscar apoio da oposição de centro-esquerda para ratificar a medida.
A votação é considerada ainda um teste de popularidade da coalizão de centro-direita comandada pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Segundo o repórter da BBC em Berlim Gavin Hewitt, apesar da provável aprovação do pacote, Merkel poderá sair enfraquecida da votação, ao se mostrar incapaz de manter unida a coalizão de governo em um momento considerado crítico para a zona do euro.
A ampliação do fundo, acordada em junho deste ano, foi aprovada na quarta-feira pelo Parlamento da Finlândia - onde a medida vinha enfrentando resistência - e já foi ratificada por um total de 10 entre os 17 Parlamentos dos países que integram a zona do euro.
Fundo turbinado
Com os novos poderes, o FEEF passaria a contar com maior capacidade de financiamento para auxiliar economias em crise na região. As mudanças deverão dar mais possibilidades de auxílio aos países que enfrentam dificuldades para saldar suas dívidas.
Entre as medidas propostas estaria a de ampliar o valor dos pacotes de auxílio às economias endividadas, cujo teto passaria dos atuais 440 bilhões de euros para valores de até 2 trilhões de euros (respectivamente R$ 1,1 trilhão e R$ 4,9 trilhões).
O fundo ampliado permitiria ainda a compra de títulos de governo, a injeção de capital em bancos e a concessão de empréstimos a um país antes do agravamento da crise. Anteriormente, o fundo só podia socorrer economias que já se encontravam em crise.
A fim de que o fundo fortalecido entre em vigor, ele precisa ser aprovado por parlamentares de todos os países que integram a zona do euro. Com a possível aprovação do projeto pela Alemanha, a maior economia do bloco, a expectativa é de que deputados das demais nações europeias sigam o mesmo caminho.
O primeiro-ministro grego, George Papandreou, visitou a Alemanha nesta semana e procurou assegurar investidores de que seu país está fazendo todo o possível para sanar suas finanças, cortar a sua dívida e procurar retomar o crescimento.
A Alemanha está entre os principais credores da Grécia. As medidas de austeridade vêm despertando protestando entre a população grega. Está prevista para esta quinta-feira na Grécia uma greve envolvendo taxistas, servidores públicos e servidores públicos.
Oposição interna
O fortalecimento do fundo tem sido tema de divergências entre os partidos que formam o governo alemão, já que muitos acreditam que o auxílio às economias em crise tem sido demasiadamente oneroso para a Alemanha e que o país não deveria mais ajudar nações que não primaram pela austeridade econômica.
O partido liberal FDP se opõe à medida. Na terça-feira, o próprio ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, condenou a proposta de turbinar o fundo, chamando-a de ''uma ideia tola''.
O Partido Cristão Democrata de Merkel está pressionando os dissidentes e promovendo negociações de bastidores a fim de que o governo não tenha de recorrer aos votos da oposição de centro-esquerda.
Representantes da oposição alemã acreditam que caso o governo tenha de recorrer ao apoio deles para ratificar a medida, seria um sinal de que a administração de Merkel, que vem sofrendo uma queda de popularidade, estaria com os dias contados.
Apesar da expectativa positiva em relação à aprovação, analistas prevêm uma vitória apertada.
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